iPad na sala de aula: um relato de sucesso

Por Bruno Schmidt Marques, autor convidado

Há cerca de 2 meses eu comprei um iPad 1, usado, de um amigo. O modelo é o básico, apenas WiFi e 16Gb. Meu objetivo era desenvolver aplicativos pro iOS, e o iPad seria o meu hardware de testes. Porém o iPad me surpreendeu pela versatilidade, e notei que ele poderia substituir o notebook enquanto estivesse fora de casa e até mesmo os meus cadernos na faculdade. Sendo assim, encarei o desafio de utilizar somente ele como ferramenta para entretenimento e estudo fora de casa.

O primeiro desafio foi, claro, aprender a digitar em uma tela. Não que seja difícil, mas eu nunca tive nem mesmo um smartphone touch, então levou uns dois dias pra pegar o jeito. Inicialmente tentei com os dedões, como vejo as pessoas fazendo com celulares, mas percebi que assim demorava demais e cansava as mãos rapidamente. Textos longos, nem pensar.

Então tentei digitar com ele horizontalmente, levemente inclinado com um suporte, como se fosse um teclado físico comum, e a diferença foi gritante. Dessa maneira as mãos não cansam e a escrita é rápida, talvez tão rápida quanto com teclado físico de computador. [leia também: Teclado do iPad: 7 dicas ninjas]

Depois de aprender a escrever, procurei um aplicativo pra tomada de notas em aula. Testei SimpleNote, Evernote, 7Note e por fim, Writeroom, dica do BR-Mac. De longe o WriteRoom foi para mim o melhor programa para ser utilizado em sala de aula. Ele se integra ao Dropbox, tem uma barra de teclas extras personalizável e aproveita muito bem o espaço da tela. Essas teclas extras foram fundamentais para aumentar a velocidade de escrita, já que muitas aulas possuíam símbolos comuns que no teclado virtual convencional são de difícil acesso.

Percebi, no entanto, que quanto às anotações existem pelo menos 3 tipos de aula:

  • Aulas puramente textuais, onde as questões eram respondidas apenas com texto;
  • Aulas com diagramas, nas quais existiam questões que envolviam desenhos no papel,
    diagramas e gráficos;

  • Aulas de matemática/física, que precisavam de pouco texto, alguns gráficos/diagramas e muitos números e caracteres especiais. Experimente escrever em texto simples uma fórmula com fração, raiz quadrada e exponencial, por exemplo.

As aulas puramente textuais são ótimas para serem acompanhadas apenas com o iPad. Como eu falei antes, é muito fácil escrever texto simples, sendo até mais rápido que escrever à mão. Além disso tive a vantagem de conseguir escrever sem olhar para a tela, e sim para o quadro/slide que o professor está apresentando. O resultado é que você se torna mais ágil que o professor e consegue prestar mais atenção na explicação, não apenas no texto.

As aulas com diagramas são um pouco mais complicadas, mas consegui utilizar apenas o iPad nelas. Demorei um pouco pra encontrar um bom esquema, e acabei optando por utililzar dois apps distintos, o Writeroom para texto e o Bamboo Paper para desenho. Comprei inclusive a Bamboo Stylus pro desenho ficar mais natural. Faço a escrita normal no writeroom, e quando preciso fazer um desenho coloco uma referência no texto (Ex.: Página 23) e faço o desenho na página referenciada do Bamboo. [leia também: Anotações à mão no iPad com o Bamboo Paper e o Penultimate]

Por fim, as aulas que mais tive dificuldades foram aquelas que envolviam cálculos.
Escrever equações não é simples, existem símbolos que não encontrei no teclado virtual e o desenvolvimento das questões é complexo demais pra ser colocado em texto puro. Fora isso, uma calculadora física é quase que indispensável em cálculos avançados, pois é terrível ficar alternando entre o Writeroom e a calculadora (e tem que ser feito constantemente). Utilizo o iPad somente para tomar nota da parte teórica dos cálculos (que entra na categoria de anotações com diagramas) e anotar os enunciados das questões. O desenvolvimento delas eu faço no caderno, em papel, junto com uma calculadora científica normal.

Outra coisa na qual o iPad ajudou muito (e que foi uma agradável surpresa) foi na organização pessoal. Sincronizei o calendário e a agenda de contatos dele com a minha conta no Google, e passei a usar esses recursos efetivamente. Em sala de aula, quando conheci colegas novos e formamos grupos, passei o iPad e pedi para que completassem os seus dados (nome, telefone, email). Tudo foi sincronizado com a minha conta sem que eu precisasse anotar as informações num papel, procurá-las depois e enviar um email pra guardá-las. Mais tarde, longe do iPad, acessei tudo que precisava (viva a nuvem!).

O calendário foi outra coisa muito importante. Nunca fui adepto do uso de agendas, acho que são grandes, pesadas e incômodas de serem carregadas para cima e para baixo. Como não carregava elas, acabava não anotando os meus compromissos. Com o iPad, e a sincronização com o Google Calendar, passei a anotar tudo, porque o único empecilho, que era o peso extra e a disponibilidade de dados, não existia mais. Em qualquer lugar, até mesmo esperando um prato no restaurante, abro o iPad e verifico os compromissos da semana. Anotei provas e trabalhos quando o professor anunciava e também via que estava chegando a data com certa antecedência, o que permitiu que me organizasse melhor quanto a horários de estudo e lazer.

Fora isso, tem o que todo mundo está careca de saber: acessar emails rapidamente, conforto ao ler notícias (passei a ler muito mais), jogos para distrair em momentos de tédio (esperando atendimento no dentista, por exemplo) e uso de redes sociais muito bem integrado ao sistema. Quanto a duração da bateria, uma carga completa é o suficiente para um dia inteiro e o carregador é pequeno, fácil de ser transportado.

Uma capa no estilo “smart cover” é quase que obrigatória para preservar o aparelho durante o transporte e para digitar com conforto em sala de aula. Também é necessário investir um pouco em aplicativos pagos, mas vale o custo-benefício devido a qualidade superior dos mesmos. Esqueça aquela ideia de utilizar o iPad em ônibus públicos, você vai ficar com medo de ser roubado, até porque o iPad chama muita atenção. Talvez possa ser usado se você vai e volta com um transporte particular.

Minha conclusão é de que o iPad é excelente para ser usado em algumas aulas e apenas complementar em outras. Mas além de servir como caderno ele ajuda muito na organização do tempo, das tarefas e dos contatos feitos no dia-a-dia, e isso agrega um valor gigantesco ao aprendizado. Além de tudo isso, ele também serve para distração em momentos de espera e consegue substituir o notebook quando queremos ler notícias, ver os emails e usar redes sociais.

Estou muito feliz com a aquisição e espero que esse texto encoraje mais pessoas a utilizar um tablet em sala de aula.

Este texto foi produzido para o BR-Mac pelo autor convidado Bruno Schmidt Marques.
 

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