Preço do iPad: Apple vai ter de se explicar

O preço do iPad no Brasil, incluído no valor médio dos produtos da Apple no país é o mais caro do mundo: a média do preço dos produtos da empresa por aqui é US$ 1348, que chocam quando comparamos com o de outros locais, especialmente os mais baratos, como Hong Kong, onde o preço médio do mesmo conjunto de produtos é US$ 785.

As razões dessa situação tipicamente brasileira, no caso dos produtos que não são produzidos aqui, são conhecidas, ao menos em grande parte: para um lote de MacBooks ou iPads entrar oficialmente no Brasil, o importador paga uma série de impostos (ICMS e outros), mais as taxas de importação, mais a taxa de desembaraço aduaneiro, mais a exposição ao risco da variação cambial. Há o custo do transporte até o Brasil, mais os custos do transporte entre o local de entrada e os pontos de venda, agravados pela situação da nossa infraestrutura de transporte.

E para completar há a margem de lucro elevada necessária para que alguém se disponha a todo o esforço e risco associado a trazer e distribuir grande quantidade de um produto cujo mercado é naturalmente restrito.

Por aqui a novela dos incentivos fiscais à produção nacional de tablets e outros aparelhos eletrônicos já levou uma ou outra autoridade a criticar publicamente os preços elevados (e no caso da Apple ainda aguardamos para ver eventuais mudanças trazidas pela produção local), mas no outro lado do mundo a situação está prestes a ir um pouco mais longe: o parlamento australiano vai investigar oficialmente as diferenciações de preços praticadas pela Apple.

A comissão de infraestrutura e comunicações do legislativo australiano vai se encarregar da investigação, que irá solicitar oficialmente que a Apple explique suas estratégias de preços para o mercado australiano, que incluem majorações consideráveis até mesmo para itens comercializados digitalmente (sem custos logísticos nem taxas de importação), como apps e ebooks.

Os preços de hardware também são mencionados, e assim podemos torcer para que eventuais respostas prestadas por lá possam iluminar melhor as razões do nosso indesejado título de campeões dos iPads e Macs mais caros do planeta.

Como uma nota interessante, a matéria do 9to5mac a respeito usa o preço brasileiro do novo Apple TV para ilustrar a variação: por aqui ele foi anunciado a US$ 211, enquanto nos EUA sai oficialmente a US$ 99.

Não tenho grande expectativa de que a Apple dê maiores explicações ou de que mude a estratégia motivada por esta ação australiana, mas me parece um movimento na direção correta e talvez venha a se somar a outros passos futuros que produzam o efeito desejado, ou pelo menos que tirem de nós este título indesejado!

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