Fabricantes, lancem logo a sua TV 2.0 e salvem-nos de desejar ter um teclado na sala

A Logitech lançou mais um teclado que seria uma boa solução para a minha sala de TV atual – mas eu já não deveria estar livre de desejar ter um teclado na sala de TV?

Um teclado na sala de TV pode ser uma solução desejada por quem joga on-line em um Playstation, faz buscas no YouTube ou no Netflix na TV, ou até por quem precisa de vez em quando alternar contas ou redes sem fio na Apple TV, cuja interface de modo geral nos preserva (nas demais ocasiões) de recorrer aos odiosos teclados virtuais na tela.

Existem bons teclados virtuais. O do iPad, por exemplo, chega a poder ser usado com conforto e eficiência1 na sua própria telinha. Mas quando se trata de teclado virtual exibido na tela da TV, geralmente estamos falando de escrever deslocando um cursor com as 4 setas direcionais de um controle remoto ou joystick, exatamente igual ao que se fazia para registrar o autor de um recorde nas máquinas de fliperama nos anos 1970.

A entrada de dados letra por letra é a interface adequada e consagrada para computadores "tradicionais", nos quais já foi encontrado o instrumento ideal (o teclado), o posicionamento ideal (distância, ângulos, etc.) em relação ao vídeo, e até uma distribuição das letras (o popular "QWERTY") que não é otimizada, mas ao menos é reconhecida e impregnada na memória muscular e visual de todo mundo que já interagiu com eles.

Eficiente na mesa do computador, o teclado não sabe se comportar bem na sala de TV.

Mas levar a experiência do teclado para a tela da TV não herda esses aspectos positivos. Navegar com setas em um teclado virtual é lento, os modelos alternativos são todos diferentes entre si, exigem pressionar bem mais botões do que o número de letras que desejamos informar, cansam e fazem o usuário evitar preencher a informação completa – é mais fácil levantar e ir buscar um tablet ou sentar na mesa do computador do que pesquisar um vídeo pelo título no YouTube usando a TV.

Uma nova era da TV, seja ela chamada de pós TV, TV 2.0 ou o que for, está chegando, em alguns lugares mais rapidamente que em outros, e a lista completa do que ela vai trazer como novidades vantajosas para o espectador permanece em aberto.

Entre os recursos que eu desejo, estão a redução ainda maior da demanda por entrada textual de dados, e alguma interface que permita fazer isso de maneira padronizada, com poucos cliques, fugindo dos anos 70 – e sem ter um teclado físico na sala, por favor.

E rápido, antes que a tentação de comprar o novo smart keyboard Harmony, da Logitech me vença, para eu continuar digitando no PS3, XBox, TV e até Apple TV como se eles fossem o computador, de cujo modelo de entretenimento eu supostamente estou me afastando para evoluir.


Já que o anúncio de pré-lançamento dele me inspirou a escrever este lamento de consumidor insatisfeito com o mercado que o faz se tornar interessante, o teclado Harmony em si merece ao menos uma breve descrição.

É um teclado com touchpad integrado, feito pra operar Xbox, PlayStation, Apple TV, Roku*, HTPCs e algumas smart TVs. Além disso, substitui as funções dos demais controles remotos e vem com botões de atividades, tipo "assistir um filme", que você programa para ligar e comandar adequadamente os aparelhos e recursos que quiser sempre que o botão for pressionado.

Mais interessante que isso: vem com a caixinha Harmony Hub, que pode ser guardada fora de vista e se encarrega de transmitir os sinais de controle remoto (até mesmo via infravermelho) para os seus demais aparelhos, que assim também passam a poder ser guardados fora de vista, já que não precisarão mais ser "visíveis" pelo controle remoto. E o Harmony Hub também pode ser operado a partir de um app no seu iPhone, o que o torna ainda mais interessante.

Tudo isso pela bagatela de US$ 150 – caro, assim como a maioria dos itens da família Harmony, que hoje eu considero genial mas torço fervorosamente para que seja tornada obsoleta por uma nova geração de TVs que percam o pé que hoje mantêm firmemente plantado no século XX.

 
  1.  Embora não falte quem não goste e o substitua por um teclado físico.

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