Editor da MacWorld revela por que passou a preferir escrever no iPad - e eu concordo com ele

Jason Snell é diretor editorial da revista MacWorld, e escreveu (no iPad) um artigo interessante explicando por que usa cada vez mais o iPad como ferramenta de escrita.

Assim como eu, ele assume como um fato a possibilidade prática de digitar diretamente no teclado virtual exibido na tela, mesmo que (no caso dele, exímio datilógrafo) isso reduza a quantidade de palavras por minuto que ele é capaz de produzir.

Mas ele observou algo interessante: assim como ocorre quando ele (ou eu, e possivelmente você) precisa escrever com caneta em um papel, a natural redução de velocidade oferece um filtro positivo à redação, e passamos a escolher melhor cada palavra, cada frase, cada parágrafo antes de escrevê-los. Não por preguiça ou pelo esforço maior, mas porque dá tempo.

No iPad, para ele, a experiência é similar: a diferença de velocidade em relação a um teclado físico não é tão grande como na escrita a lápis (permanece rápido, ele destaca), mas é suficiente para permitir a reflexão sobre a redação enquanto ela ocorre, e não apenas em um momento posterior, de edição. A sensação de criar é diferente, e o resultado final também.

Pessoalmente, quando escrevo no iPad (como agora), noto que os textos ficam mais curtos, com menos referências e dizem a mesma coisa, às vezes deixando espaço maior para a minha opinião. Eu gosto. Nunca havia notado um paralelo entre este efeito e a redução da velocidade, entretanto.

Snell também nota mais um fator: a redução das distrações. Se escrevo no iPad, é porque não estou próximo à riqueza de recursos de edição de um computador, e isso também significa que eu não terei outra janela aberta ao lado, que parar de escrever para ir consultar alguma outra coisa ficará um pouco mais custoso, e várias outras desvantagens inerentes do modelo de multitarefa adotado acabam virando um aliado inesperado do sempre tão desejado foco.

No caso dele, após alguns meses o placar está assim: vários artigos começados no MacBook ficam inacabados em uma pasta no Dropbox, e os que ele começa no iPad ficam prontos rapidamente e estão entregues. Ele não pensa em largar o MacBook (por exemplo, para interatividade, incluindo e-mail), mas agora considera o iPad como ferramenta para iniciar a escrita de qualquer artigo.

Nada mal para um produto que muitos já criticaram por não vir com teclado físico e só se prestar ao consumo de conteúdo, não?

Veja o artigo do Jason Snell: Why I’m writing on the iPad.

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