Um desafio para a Apple: os clientes que estão satisfeitos

Eu sou fã de tecnologia, e por décadas raramente estive satisfeito com alguma geração de aparelhos. Mas pulei o iPhone 4S, quase pulei o 5, não tenho interesse no iPad 4, estou satisfeito com meu Mac atual e não consigo imaginar o que a Apple poderia fazer para ganhar algum dinheiro meu com a renovação de suas linhas atuais de hardware em 2013.

Sei que não estou sozinho: já vi opiniões similares estampadas em revistas, blogs, redes sociais. É quase o contrário do famoso caso do Osborne 1, primeiro PC portátil a ficar conhecido: ele poderia ser um sucesso de vendas, mas seu criador fez muita propaganda do que um dia viria a ser o Osborne 2, aí as pessoas não compraram o Osborne 1 para esperar o próximo, ele ficou sem dinheiro para desenvolver o Osborne 2, e quebrou.

No caso da Apple como eu a vejo no momento, o que acontece é que muitos consumidores fieis à marca e apegados a seu "ecosistema" estão satisfeitos com o "Osborne 1" que já possuem, e essa satisfação dura mais ciclos de produto do que costumava durar.

Seja pela desaceleração da Lei de Moore, ou pelo fato de que boa parte do conteúdo consumido agora vem de fora do computador, via Internet, ou por qualquer outra razão, o fato é que consumidores satisfeitos com uma geração do produto por mais tempo do que o usual são um desafio ao modelo de negócio baseado em lançamento periódico de novas versões mantendo margem de lucro elevada.

O aumento do desempenho da CPU e do armazenamento não são mais tão importantes como já foram, os ganhos na definição de tela podem não ser tão atrativos assim, já faz algum tempo que o número de notebooks vendidos no mercado como um todo não aumenta, e recursos míticos como o modo frisbee ou a tela feita de lágrimas de unicórnio solidificadas não chegarão tão cedo.

Pessoalmente, eu não poderia me importar menos com os lucros ou as ações da Apple

A Apple já lidou com desafios análogos anteriormente, e se saiu bem lançando novas linhas de produtos, como o iPod, MacBook Air, iPhone e iPad, iniciando assim novos ciclos de satisfação com os clientes existentes, e atraindo outros – o que é bem diferente, em termos de lucratividade, de buscar uma margem de participação maior lançando linhas mais "econômicas", como muitos dizem que ela planeja fazer com o iPhone.

Pessoalmente, eu não poderia me importar menos com os lucros ou as ações da Apple, mas num momento como este o que me vem à cabeça é que a gestão da empresa não é amadora, portanto é de se imaginar que alguma nova linha de produtos, ou um novo motivo que nos faça querer comprar as versões atualizadas mesmo sem ter esgotado a vida útil da que já temos, deve estar a caminho. E, embora isso vá doer na carteira, espero que não demorem.

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