A iTV já chegou: Como você usa o seu iPad ou iPhone ao assistir TV?
A ideia de que a Apple está para lançar seu próprio televisor vem sendo repetida à exaustão e os sinais que a suportam se acumulam, embora uma confirmação concreta (especificações, preços, datas, ...) oficial não tenha surgido ainda.
O site All Things D publicou hoje um interessante apanhado geral sobre a posição da Apple quanto a TVs, que trata do assunto de forma ampla, e está em sintonia com a minha própria opinião a respeito: seja o que for que a Apple está fazendo, não é um mero aparelho no qual você se limitará a plugar o cabo que você já tem para assistir à programação hoje fornecida.
Um dos elementos que suporta esta tese é o investimento forte que a empresa vem fazendo no seu padrão AirPlay, que além de permitir que a imagem e áudio dos iPads e iPhones (e Macs, a partir do Mountain Lion cujo lançamento está próximo) sejam levados às TVs e aparelhos de som da casa, agora também suporta a ampliação da funcionalidade dos apps, com um recurso chamado dual screen, que essencialmente permite que o app exiba um conteúdo na telinha do aparelho, e outro na telona da TV, simultaneamente.
O dual screen ainda não foi muito explorado, mas já pode ser visto em jogos como o Real Racing 2 HD, capaz de mostrar a corrida (em 1080p!) na tela da TV enquanto o usuário controla o carro com o iPad, em cuja telinha aparece o mapa da pista e outros dados (velocidade, tempo, posição, etc.). Também um app da liga de Baseball dos EUA exibe os lances dos jogos na TV, e estatísticas associadas no iPad, e apps de apresentação (como o Keynote) oferecem a opção de mostrar para o apresentador, na telinha do iPad, suas anotações, controles e uma versão menor do slide, enquanto exibem apenas o slide na saída para a TV (ou projetor).
E isso não é tudo: a Apple certamente não está cega para a tendência (expressa em pesquisa do respeitado instituto Nielsen) de usar os tablets enquanto se assiste TV: quase metade dos proprietários de tablets nos EUA relatam usar o aparelho diariamente ao assistir TV, e não apenas como uma extensão da programação: eles acessam seus e-mails, lêem notícias e aproveitam produtivamente (embora distraídos) o tempo em que antes estariam... apenas distraídos.
Mas um bom negócio que interessa simultaneamente à Apple e às empresas que produzem conteúdo para a TV (embora não tanto para as que o distribuem, como as operadoras de TV a cabo) são os usos do iPad e iPhone como complementos à programação da TV: para pesquisar mais sobre algum produto ou assunto mencionado, para compartilhar com os amigos on-line sua opinião sobre o que estão assistindo, ou mesmo para ajudar a escolher o que vão ver.
Falo por mim: não sou um grande telespectador (em termos de horas semanais que dedico ao hábito), mas desde o advento do iPad meus hábitos televisivos mudaram: eu uso o app da Net para escolher o que assistir, consulto na Wikipedia sobre o contexto dos objetos que a casa de penhores compra no Trato Feito (do History Channel), consulto no Google sobre as teorias de conspiração mencionadas nos episódios da primeira temporada do Arquivo X que o TCM reprisa, coloco em dia as leituras no Flipboard durante os comerciais, etc.
E participo do hábito mais interessante para as empresas e anunciantes: frequentemente comento (e recomendo) nas redes sociais sobre o que estou assistindo ou pretendo assistir, que (felizmente ou não) é diferente do padrão (ou seja, no meu caso trata-se de pouco BBB, novela e futebol). Quem me segue no Twitter (onde sou o @augustocc) está sujeito a ser bombardeado com observações sobre o ceticismo da Agente Scully ou com a informação de que na quarta-feira vai passar o filme Aracnofobia em algum canal obscuro.
É por isso que acredito que a presença da Apple no mercado televisivo já existe (e não apenas com o seu Apple TV em forma de caixinha, que quase some na foto abaixo mas que eu uso e aprovo): o iPad, iPhone e iPod Touch já fazem parte do hábito de muitos telespectadores sem precisar de um televisor novo com a marca da maçã.
Portanto, acredito que se este televisor vier mesmo a existir (e eu acho que virá - quem sabe ainda neste mês?), ele fará bem mais do que exibir a programação nos horários escolhidos pelas distribuidoras: será uma plataforma para apps e para exibir conteúdo à la carte (mediado pela iTunes Store, claro), possivelmente permitirá o uso do Facetime e da Siri, e mais.
E para ajudar a imaginar como será este futuro panorama a partir dos cenários atuais, pergunto aos telespectadores que são meus leitores: nos últimos 30 dias, como vocês usaram o iPad e o iPhone enquanto assistiram TV?
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