Cooperativas de táxi de SP recorrem ao governo contra novos concorrentes: os apps

Os apps que permitem chamar um taxi com mais eficiência do que o tradicional telefonema para um ponto ou uma central ganharam um inimigo: as centrais, que vêem seu modelo de negócio ficar para trás e preferem reagir tentando impedir o funcionamento da nova concorrência.

As razões de um app poder ser mais eficiente não são monopólio de ninguém: reduzem a intervenção humana, usam geolocalização (tanto do cliente quanto do taxista) para encontrar a melhor alternativa, e (talvez o mais importante) removem a central como intermediária, podendo assim buscar qualquer taxista (usuário do sistema) das imediações, e não só os que pagam para a central específica que o usuário liga.

Mas as centrais paulistanas aparentemente preferem não aderir ao novo modelo, e parecem ter uma razão bem forte para isso: cada taxista filiado a ela paga uma taxa de R$ 500 a R$ 2000 por mês pelo "privilégio", enquanto no modelo dos apps, geralmente o taxista paga cerca de R$ 2 por corrida efetuada.

Naturalmente ameaçadas, agora essas centrais (regulamentadas como "cooperativas") resolveram "recorrer à Prefeitura de São Paulo na tentativa de restrições aos aplicativos", como informa a interessante matéria do iG Economia da qual foram obtidas as informações deste post.


Claro que elas não declaram estar tentando impedir um concorrente mais eficiente, mas sim dizem que estão lutando para que os apps (que, segundo os reclamantes, "trabalham na ilegalidade") passem "pelo crivo do poder público".

Além disso, as cooperativas pontuam que recolhem impostos e taxas (provavelmente em maior valor e quantidade, pois faturam em maiores volumes) e oferecem garantias ao passageiro, por exemplo, em casos de esquecimento de objetos no veículo. Você, usuário de taxi já teve sucesso em fazer uso dessa garantia?

A prefeitura da maior cidade brasileira está tratando da questão como cabe:

A Secretaria de Transportes confirma que o uso dos aplicativos está em estudo pelo Departamento de Transportes Públicos (DTP). Segundo a pasta, neste ano o DTP já recebeu representantes de sindicatos, das empresas de táxi e de rádio taxi e também de algumas empresas que produzem ou administram esses aplicativos, com o objetivo de registrá-los.

“Como o assunto é relativamente novo, estamos estudando a questão e os impactos que esses aplicativos produzem em toda a cadeia dos táxis na cidade, como empresas de táxi e rádio taxi, para verificar a necessidade de alguma eventual regulamentação legal da questão”, afirma a secretaria em nota.

Enquanto isso, o presidente da Coopertaxi informa que estão trabalhando também pelo outro lado da questão: “A tecnologia que traz uma facilidade para o usuário. As grandes radio táxi já estão desenvolvendo o próprio aplicativo”.

Já empresas de apps consultadas pela reportagem tiveram opiniões variadas sobre a regulamentação. Eu fecho com a do Easy Taxis, com cerca de 25.000 taxistas cadastrados: “Regulamentar é importante em qualquer coisa. Tem muitos aventureiros entrando nos [mercados de] aplicativos”, diz. “Mas regulamentar para monopólio político, não”, pondera.

Me lembrou da situação das livrarias (que querem "regulamentação para combater a concorrência") após a chegada forte de concorrentes on-line, e dos taxistas de Nova York conseguindo liminar para impedir o uso de apps de chamada de taxi por lá. A acompanhar.

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