iPhone, câmeras e videogames portáteis: uma reflexão rápida sobre uma extinção lenta

Um amigo perguntou ao outro: mas como foi que você faliu? E o amigo falido respondeu: de 2 jeitos, primeiro aos poucos, e depois subitamente.

Ontem eu passei algumas horas desmontando mobília pra uma pequena reforma na sala e no escritório de casa, que estão trocando de lugar entre si, e (re)descobri algo que eu nem sabia mais: eu ainda possuo uma câmera digital e um videogame portátil: no meu caso, um Sony PSP.

Eu não tomei a decisão de deixá-los debaixo de uma pilha de peças e suprimentos, no fundo de uma gaveta. Eles foram sendo movidos pra lá aos poucos, conforme novos acessórios chegavam e eles permaneciam sem uso.

E não é que eu não tire fotos, nem jogue jogos portáteis. Eu faço as 2 coisas.

O iPhone, "culpado" pelo desuso de uma boa câmera e de um excelente videogame portátil, não tira fotos melhores, nem me oferece melhor capacidade de controlar personagens animados em uma longa viagem ou sala de espera.

Mas ele tem algo que a câmera e o PSP não têm: já está no meu bolso, e com bateria carregada, na hora em que eu penso em tirar uma foto, ou matar 15 minutinhos jogando.

Na hora em que os encontrei, notei que preciso encontrar alguém que tenha uso para ambos e não tenha condições de comprar, porque imediatamente percebi que para mim não tem mais jeito, a oportunidade deles já passou, e eles foram bem aproveitados enquanto ela durou.

Toda essa minha observação é um elemento a favor da tréplica de John Gruber1 em uma longa discussão sobre o presente o futuro da Nintendo (e seu recém-lançado videogame portátil 2DS): as pessoas2 não querem levar um dispositivo a mais, e convencê-las a fazê-lo é o desafio de quem pretender permanecer ou ingressar na cena dos jogos portáteis3 com equipamentos próprios.

Eles ainda estão tentando, mas pra mim já parece que é a tal fase "aos poucos" da falência.

Me incluir nos seus planos de um novo console já estava difícil, Nintendo, porque eu tenho o Wii e não estou nem aí pra continuidade dele que você tentou me vender.

Ontem constatei que pelo lado dos videogames portáteis também é praticamente impossível. Mas ficaria feliz em jogar Mario Kart no meu iPhone, e estou aguardando, ok?

 
  1.  Que também trouxe a citação que abre este meu texto.

  2.  Exceto os entusiastas de cada plataforma, que lamentavelmente não são o público-alvo capaz de sustentá-las economicamente

  3.  A parte da câmera é acréscimo meu, e é menos verdadeira no caso dos dispositivos semiprofissionais.

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